quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Respeitável público


O circo desperta sempre um mundo de fantasias na mente principalmente de crianças. "Como vivem os palhaços? Como é viver viajando? E como é que dormem no circo?" São perguntas que Diego Alves de nove anos e muitas outras crianças fazem ao se depararem com o mundo mágico circense.
Nos circos encontramos diferentes realidades. Desde instalações precárias com arquibancadas de madeira oferecendo situação de risco aos telespectadores, até alguns que já aposentaram esse tipo de estrutura, menos arriscado para quem assiste e para quem oferece o espetáculo.
Apresentação do circo Transbrasil. Foto: Giomara Damasceno
Há disparidades gritantes entre o Circo Transbrasil e o Circo Show. Mas, uma coisa eles tem em comum: o circo ainda é um negócio familiar, vivido e administrado por várias gerações. Jurandir Brasil entrou no circo por fascínio e José Alfredo Silva conheceu a vida do circo após a morte de sua mãe, o pai, uniu-se ao circo, o qual ele nunca mais saíram.
O curioso nessas histórias é que ambos tinham nove anos. A mesma idade de Diego. E também de algumas crianças que crescem no Circo Show. E aprendem a vida circense brincando “Eles começam com pequenos números. Às vezes aparecendo ainda bebes em cena com os palhaços” explica Tom Barros que hoje comanda o circo que conta com mais de 50 pessoas, quase todos, membros da mesma família. É possível observar quatro gerações sob a lona, o fundador o seu J. Silva com filhos, netos e bisnetos. 
Enquanto seu J.Silva conta as histórias, aventuras – que incluem até rapto da esposa - e dificuldades com nostalgia, Tom preocupa-se com o futuro do circo “a vida no circo está ficando difícil. Antigamente o circo chegava na cidade e era aquele tumulto. Enchia de crianças. Hoje há crianças de 9 e 10 anos que nunca foram ao circo”.  Ele atribui a falta de interesse não à criança, mas ao uso das tecnologias, e exemplifica com o exemplo do próprio circo “antes nos juntávamos todos no picadeiro e brincávamos e conversávamos. Hoje, cada um tem a sua tv a cabo, sua internet. Fica cada um no seu trailer. Não há mais aquele momento de convivência. Antigamente se um carro quebrava na estrada, a gente não esquentava tanto. Acendíamos fogueira e ali passávamos dias. Agora se um carro quebra e a gente passa um dia, parece que vai morrer”.
Além da queda de público, a queixa dos circenses é encontrar espaço nas cidades para instalarem-se  “a gente ficou aqui meio escondido, o povo tem de medo de vir”. Mas para Tom o circo não irá acabar “ há alguns anos achei que o circo ia acabar, logo depois foram surgindo muitos circos novos. O circo não vai ter fim.” desabafa.

 *Por Giomara Damasceno

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