terça-feira, 19 de novembro de 2013

Tratando bem, cliente sempre tem!



Em contra ponto as fachadas de lojas, cada vez mais modernas, para atrair os clientes ávidos por novidades é possível encontrar redutos tradicionais que sobrevivem as mudanças constantes dos tempos atuais e outros tradicionais que mudam para se adaptar aos novos clientes.
            Um exemplo de tradição é o Salão Guararapes que funciona na Avenida Guararapes no centro da cidade e se mantém firme desde 1958, sem extravagâncias. O proprietário Antônio Nunes de Queiroz começou a trabalhar como barbeiro aos 12 anos em Pilão Arcado, no interior da Bahia, se aposentou recentemente aos 81 anos e deixou o salão aos cuidados do seu filho Paulo Eugênio Coelho.  A mais de 50 anos este salão atende gerações, onde pais levam seus filhos, que levam os netos e dessa forma a clientela se mantem.
            Entre os clientes estão os políticos e religiosos da região, além de artistas como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, “Todos os grandes homens desta terra já cortaram o cabelo aqui”, diz o orgulhoso Paulo Eugênio. O Salão, diferente da maioria dos salões da cidade, é voltado exclusivamente para o público masculino onde é possível cortar o cabelo e fazer a barba da mesma forma que se fazia no final da década de 50.
Desde que assumiu o salão do pai, Paulo Eugênio fez algumas mudanças no ambiente para atrair os clientes, que agora conta com um ambiente climatizado e cadeiras mais confortáveis, ele fez questão de manter a tradição com o atendimento exclusivo para o publico masculino. Segundo Paulo Eugênio o pai nunca quis que ele seguisse na profissão de barbeiro “Ele disse que tínhamos que estudar”, mas isso não o impediu de assumir o salão. Miguel Silvinio é funcionário do Salão Guararapes desde o dia 2 de janeiro de 1981 e á 32 anos atua como barbeiro, antes dele muitos outros trabalharam ali até o dia da aposentadoria. Hoje o salão mescla entre funcionários antigos e novos contratados para que o trabalho tenha continuidade.
Miguel Silvinio, trabalha no Salão Guararapes á 32 anos    foto: Alieny Silva
Não muito distante da Avenida Guararapes, na Avenida Souza Filho ainda no centro da cidade, Luiz Rodrigues da Silva trabalha em um pequeno salão á aproximadamente 1 ano, mas atua na profissão a mais de 40 anos. A vontade de trabalhar cortando cabelos chegou junto com a vontade de “sair da roça”, foi então que ele deixou a agricultura e começou a trabalhar em um novo oficio: o de barbeiro.
Luiz Rodrigues da Silva          Foto: Maria Akemi
            Mesmo com as constantes mudanças de lugar de trabalho “Seu Luiz” como é conhecido pelos clientes, consegue manter uma clientela fiel, como Alberto Joaquim, que a mais de 20 anos faz questão de ser atendido por Luiz Rodrigues que atende também o seu filho o Alexandre Alberto.
Na Rua Dom Vital ainda no Centro de Petrolina, é possível encontrar outro profissional, que atua em um meio pouco comum hoje em dia. O Francisco Ferreira da Silva trabalha como engraxate e em pequenos concertos nos mais diversos calçados, oficio que já exerce a mais de 22 anos. No inicio ele apenas engraxava sapatos, mas com a queda no movimento ele passou a fazer pequenos concertos para as lojas de sapatos das proximidades. Com o tempo esses pequenos trabalhos não estavam mais valendo o esforço e ele parou de fazer. Entre concertos e sapatos engraxados ele totaliza de 5 á 10 clientes por dia e em alguns dias não consegue nenhum.
Francisco Ferreira        Foto: Maria Akemi
Depois de tanto tempo atuando neste meio ele decidiu parar “Desde janeiro que estou pensando em parar de trabalhar como sapateiro, a cola que eu uso faz muito mal à saúde, já vi colegas doentes por causa dela”,ao lado da cadeira que ele usa para engraxar sapatos um pequeno carrinho de lanches começa a ganhar seu espaço “eu só vou trabalhar até o fim do mês”.

Depois da tradição a contradição.

            Em Petrolina é possível encontrar muitas costureiras espalhadas por toda a cidade, mas homens nesta profissão ainda são raros. Alfaiates e costureiros exercem funções diferentes, os alfaiates criam peças exclusivas feitas sob medida, com um foco especial aos ternos atendendo, quase que exclusivamente, o publico masculino. Em contra ponto estão os costureiros, profissionais especialistas em realizar os mais diversos serviços quando se trata de corte e costura.
Com o passar dos anos alguns conceitos mudam para se adaptar a realidade, hoje em dia são raros os alfaiates aqui em Petrolina, assim como homens que trabalham como costureiros, Geraldo Vieira é um deles.


Geraldo Vieira
Em um pequeno ateliê no Centro da cidade um homem jovem trabalha de forma silenciosa em sua máquina de costura, dobrando tecidos e traçando retas em pequenos pontos com a linha de costura ele dá forma a uma calça masculina. Geraldo Vieira começou a costurar aos 15 anos em Teresina, no Piauí, aprendeu o oficio observado o pai costurar, nunca teve aulas sobre costura, apenas observou o pai e aprendeu com os seus próprios erros. Dos 15 aos 20 anos trabalhou com costura no Piauí até o dia que seu pai decidiu mudar-se para Petrolina convidando o filho a ir junto. 17 anos depois ele ainda trabalha com a costura e vive com a sua esposa e os seus três filhos. “Seu Viera” tem 8 irmãos, destes 3 são alfaiates dois deles residem em Petrolina e trabalham com costura.
A surpresa no ateliê é bem comum, mas Seu Vieira não liga, os olhares curiosos são bem frequentes, inclusive durante esta entrevista, uma senhora parou na calçada para ver Seu Vieira trabalhar e quando questionada se ela desejaria algo “só estou olhando, acho interessante” girou os tornozelos e seguiu o seu caminho.
Trabalho não falta e seus clientes estão sempre mudando, mas segundo ele alguns clientes são os mesmos de 20 anos atrás.



 Alieny Silva

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