sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Jovens, política e o significado do #VemPraRua

"Brasileiro é acomodado."
"É por isso que o país não anda."
"O povo só fica em casa acessando o facebook e na hora de lutar que é bom..."

Levante a mão e atire a primeira pedra quem nunca ouviu uma dessas frases - ou alguma variante, mas que comporta o mesmo sentido. Disseminadas no convívio diário de uma sociedade cada vez mais burocratizada e refém dos meios de massa, tais máximas são perigosas por ajudar, mesmo que inconscientemente, a manter o povo brasileiro -e especificamente sua juventude, aqueles com força, fôlego e poder para lutar por mudanças - na inércia conveniente a que estão acostumados. Contudo, os prognósticos apontam uma mudança e conferem ao futuro próximo uma perspectiva mais otimista. A onda de manifestações que atingiu o país no mês de julho mostra que um inconformismo começou a se formar. Ganhando nome, cara e slogan, o #VemPraRua tem até site oficial e se espalhou pelos quatro cantos do país. E, mesmo com os protestos já quase que 100% cessados, seu significado para o país e para a juventude brasileira é atemporal.

Na região do Vale do São Francisco, o movimento ganhou um nome específico. #OValeAcordou foi o grupo responsável pelas diversas manifestações públicas de insatisfação, desde os protestos na Ponte Presidente Dutra até a ocupação na Prefeitura Municipal de Petrolina. Com fanpage e grupo próprio, a articulação se mostrou eficiente do ponto de vista de despertar a população do Vale do São Francisco, especialmente seus jovens,  para um debate político e social que não morre na internet, nos protestos ou nas reuniões. Começa, assim, a emergir uma nova geração. A geração que troca o conforto do sofá ou do facebook pelas ruas e auditório. Uma geração que não relega mais a política, mas que a adota para si. E, mais importante, a discute.

Debate dos candidatos a reitoria da Uneb.
Foto: Caio Alves

E a leva para outras áreas. Uma parcela dessa nova geração já pode ser vista nos jovens estudantes da Universidade do Estado da Bahia que vivem, até o começo do mês de outubro, um momento político importante. Às vésperas da eleição que define o novo reitor ou reitora da universidade, se instaurou entre os discentes, dentro e fora dos campus, um burburinho geral referente as propostas dos três candidatos. Contrariando expectativas negativas dos mais pessimistas, o que se pode ver é uma comunidade estudantil diretamente envolvida na eleição. Usando adesivos, discutindo propostas com os colegas e lotando auditórios, percebe-se estudantes cada vez mais interessados e engajados em mudar sua própria realidade.

É claro que existem os empecilhos, naturais ou não. Muitos estudantes não conseguiram assistir ao debate que aconteceu no auditório principal do Campus de Juazeiro na última terça, dia 03/09, devido a superlotação do mesmo. Quem chegou ao local cerca de 20 ou 30 minutos depois do início, ficou do lado de fora. E mesmo os que conseguiram assistir ao debate, não conseguiram ter suas duvidas satisfeitas ou suas perguntas feitas. Reconhece-se, contudo, a iniciativa da universidade em promover um debate destes, mesmo sem o alcance geral do corpo discente.

A despeito da problemática, encontrada em tudo que tange a vida cotidiana, um fato é certo:  O significado político do #VemPraRua e do #ValeAcordou não se restringe ao tempo em que sua atuação atingiu o ápice. O Gigante já pode até ter voltado a dormir, mas seus filhos despertaram. E não parecem dispostos a dormir tão cedo de novo.

Por: Alexandre Borges


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