segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Qual é o nome do bebê?


Quando uma mulher anuncia para a família e amigos que está grávida, logo a pergunta sobre o sexo da criança e qual será o nome do bebê são levantadas. Existe uma cultura, pelo menos no nosso país, de que tudo deve ser preparado antes da criança nascer. Os pais precisam saber o sexo para que os amigos, familiares e os próprios pais providenciem todo o enxoval, chá de bebê, álbum de fotografia, e tudo que está relacionado à chegada de um novo membro a família. 

Muito dessa cultura de ‘saber antes de nascer’ se deve às concepções preestabelecidas de que, se for menina, os pais se entregarão ao mundo cor-de-rosa das confecções e, se vier um menino, os pais estarão mais preocupados entre o ‘azul’ ou o ‘verde’. Essa espécie de tradição muda pouco de família para família. O primeiro presente da menina que está por vir tende a ser um sapatinho ou vestidinho, típicos de uma ‘princesinha’. Já os meninos são presenteados com macacões, brinquedos e acessórios de ‘menino’. É como se as crianças fossem determinadas pelo seu sexo e pelo seu nome.

Quando a família começa a escolha do nome, muitas são as opções. Optar pelo nome sempre sonhado por um dos pais desde a infância, tentar escolher pelos nomes mais simples ou ainda por aqueles que ninguém tem um igual. Há pais que preferem homenagear o pai, avô, avó, tia, a mãe e até mais de um parente ao mesmo tempo. É aí que surge a maioria dos nomes mais exóticos que encontramos pelo mundo todo. Existem ainda os que preferem os nomes mais falados, mais conhecidos e mais badalados do momento. 

Aqueles usados até pela maioria das celebridades. Segundo o site BabyCenter, em 2012 no Brasil, entre 84 mil bebês registrados, o nome ‘Sophia’ foi o mais escolhido para as meninas e ‘Miguel’ para os meninos. Observa-se nesses dados que o nome mais registrado em 2012 para meninas foi um nome internacional, inclusive, com escrita não convencional aos padrões da língua portuguesa. Essa tendência vem ganhando mais espaço, talvez não pela ‘beleza’ ou ‘significado’ que o nome carrega, mas pela influência que o nome estrangeiro exerce no imaginário das mães e pais. Há sempre uma tendência em imaginar aquele bebê, com aquele nome, com aquele sexo e com aquela forma. A descoberta que o filho não será nada do que eles imaginam ou planejaram vem depois que o ser humano começa a adquirir personalidade e, principalmente, quando começa a quebrar estereótipos.

Outra tendência nesse mundo mágico que é a expectativa de ter um filho é o de ‘homenagear’ alguém que nem os pais conhecem. É o caso da tendência no Brasil verificada com o aumento do registro de crianças com o nome de celebridades. A bola da vez é o nome do jogador #Neymar (Júnior), que por sua vez, recebeu esse nome em homenagem ao seu pai, o também #Neymar (Pai). É difícil pensar como um pai deixa de se homenagear para realizar o mesmo para o seu ídolo. Mas, não é difícil imaginar que essa homenagem na verdade esteja carregada de expectativa e talvez até de esperança que o seu filho traga no nome o mesmo talento do seu ídolo. É querer que o filho seja o que você não é ou não foi.

Alguns pais são mais sutis e optam por apenas colocar nomes simples e, de preferência, com as letras finais do alfabeto para que os filhos não passem pelas mesmas coisas que eles na infância. Sempre existe um Arnaldo, Arthur, Antoniel zangados por receberem piadas com seus nomes ou que a professora percebeu que eles não fizeram a tarefa de casa, enquanto o Vitor, o Zairon e a Zuleide se safaram, pois enquanto ela chamava o nome dos outros colegas, esses tiveram tempo de fazer o dever na sala de aula.

Há também os pais que não preferem determinados nomes por carregarem a fama de “nome de menino danado” ou ainda “nome de gente preguiçosa”. Esses e outros mitos e crenças sobre a escolha do nome e outras opções que os pais são destinados a fazer a partir, muitas vezes, de suas expectativas ou de sua família, faz parte de um todo social que insiste em determinar a vida de uma pessoa antes mesmo do nascimento e rotulá-la o máximo possível. Talvez fosse mais simples enxergar uma criança como um ser e nomeá-la de acordo com o seu rosto, ou ainda, deixá-la escolher o seu próprio nome. Revolucionário demais?

Por: Lícia Loltran


Confira a lista dos #100nomes mais registrados no Brasil no ano de 2012.

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