Quando uma mulher
anuncia para a família e amigos que está grávida, logo a pergunta sobre o sexo
da criança e qual será o nome do bebê são levantadas. Existe uma cultura, pelo
menos no nosso país, de que tudo deve ser preparado antes da criança nascer. Os
pais precisam saber o sexo para que os amigos, familiares e os próprios pais providenciem
todo o enxoval, chá de bebê, álbum de fotografia, e tudo que está relacionado à chegada de um novo membro a família.
Muito dessa cultura de ‘saber
antes de nascer’ se deve às concepções preestabelecidas de que, se for menina,
os pais se entregarão ao mundo cor-de-rosa das confecções e, se vier um menino,
os pais estarão mais preocupados entre o ‘azul’ ou o ‘verde’. Essa espécie de
tradição muda pouco de família para família. O primeiro presente da menina que
está por vir tende a ser um sapatinho ou vestidinho, típicos de uma ‘princesinha’.
Já os meninos são presenteados com macacões, brinquedos e acessórios de ‘menino’.
É como se as crianças fossem determinadas pelo seu sexo e pelo seu nome.
Quando a família começa a escolha do nome, muitas são as opções. Optar pelo nome sempre sonhado por um
dos pais desde a infância, tentar escolher pelos nomes mais simples ou ainda por
aqueles que ninguém tem um igual. Há pais que preferem homenagear o pai, avô,
avó, tia, a mãe e até mais de um parente ao mesmo tempo. É aí que surge a
maioria dos nomes mais exóticos que encontramos pelo mundo todo. Existem ainda os que
preferem os nomes mais falados, mais conhecidos e mais badalados do momento.
Aqueles usados até pela maioria das celebridades. Segundo o site BabyCenter, em
2012 no Brasil, entre 84 mil bebês registrados, o nome ‘Sophia’ foi o mais
escolhido para as meninas e ‘Miguel’ para os meninos. Observa-se nesses dados
que o nome mais registrado em 2012 para meninas foi um nome internacional,
inclusive, com escrita não convencional aos padrões da língua portuguesa. Essa
tendência vem ganhando mais espaço, talvez não pela ‘beleza’ ou ‘significado’
que o nome carrega, mas pela influência que o nome estrangeiro exerce no imaginário
das mães e pais. Há sempre uma tendência em imaginar aquele bebê, com aquele
nome, com aquele sexo e com aquela forma. A descoberta que o filho não será
nada do que eles imaginam ou planejaram vem depois que o ser humano começa a adquirir
personalidade e, principalmente, quando começa a quebrar estereótipos.
Outra tendência nesse
mundo mágico que é a expectativa de ter um filho é o de ‘homenagear’ alguém que
nem os pais conhecem. É o caso da tendência no Brasil verificada com o aumento do registro de
crianças com o nome de celebridades. A bola da vez é o nome do jogador #Neymar
(Júnior), que por sua vez, recebeu esse nome em homenagem ao seu pai, o também #Neymar (Pai). É difícil pensar como um pai deixa de se homenagear para realizar
o mesmo para o seu ídolo. Mas, não é difícil imaginar que essa homenagem na
verdade esteja carregada de expectativa e talvez até de esperança que o seu
filho traga no nome o mesmo talento do seu ídolo. É querer que o filho seja o
que você não é ou não foi.
Alguns pais são mais sutis
e optam por apenas colocar nomes simples e, de preferência, com as letras
finais do alfabeto para que os filhos não passem pelas mesmas coisas que eles na
infância. Sempre existe um Arnaldo, Arthur, Antoniel zangados por receberem
piadas com seus nomes ou que a professora percebeu que eles não fizeram a
tarefa de casa, enquanto o Vitor, o Zairon e a Zuleide se safaram, pois
enquanto ela chamava o nome dos outros colegas, esses tiveram tempo de fazer o
dever na sala de aula.
Há também os pais que
não preferem determinados nomes por carregarem a fama de “nome de menino danado”
ou ainda “nome de gente preguiçosa”. Esses e outros mitos e crenças sobre a
escolha do nome e outras opções que os pais são destinados a fazer a partir,
muitas vezes, de suas expectativas ou de sua família, faz parte de um todo
social que insiste em determinar a vida de uma pessoa antes mesmo do nascimento
e rotulá-la o máximo possível. Talvez fosse mais simples enxergar uma criança
como um ser e nomeá-la de acordo com o seu rosto, ou ainda, deixá-la escolher o
seu próprio nome. Revolucionário demais?
Por: Lícia Loltran
Confira a lista dos #100nomes mais registrados no Brasil no ano de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário