Segundo a definição usual, estereótipo é a visão
preconcebida de uma coisa ou pessoa. Aquele pré-conceito que criamos a respeito
de algo ou alguém devido as ideias que nos foram previamente passados ou ao que
o tal “objeto” transmite. Se é negro, é bandido. Se é gay, é pervertido. Se é
branco, é rico e chato. Se é nerd, é antissocial. E por aí vai. A lista cresce,
sendo alimentada, dia após dia, graças as normas e ideia estabelecidas por uma
sociedade que preza cada vez mais a padronização.
Pesquisas recentes apontaram que os jovens costumam mentir
sobre sua vida sexual a fim de se encaixar no que é considerado “normal”. E é
possível estender tais resultados a outras áreas também. Quem nunca pensou em ocultar
uma informação ou distorcer a mesma apenas para ser “aceito” em uma roda de
conversa? Ou para agradar outra pessoa, que às vezes nem lhe conhecida é. Clube
da Luta, aclamado filme do diretor David Fincher, chama a atenção para isso ao
construir um roteiro sobre a necessidade de consumo e de aceitação. “Nós
compramos coisas que não precisamos com o dinheiro que não temos para agradar
gente que não gostamos.”
A reflexão não é gratuita.
Dia desses, conversando com uma
amiga recente, de cerca de 1 ano, que ela ficou chocada porque me viu bebendo
cerveja e cantando e dançando música de samba. O mais engraçado é que não foi a
primeira vez que me falaram isso - e certamente não será a última. A explicação
é sempre a mesma: É meio chocante ver alguém assumidamente dito nerd saber esse
tipo de música e sentar num bar pra beber.
Então, eu sou nerd, sim. Nunca neguei isso. Metade do meu guarda roupa é de
camisas de super herói, tenho uma estante cheia de livros e algumas revistas em
quadrinhos, além de boxes de séries e filmes. Cresci jogando Pokémon, Super
Mario e Resident Evil. A maioria dos meus papos no dia-a-dia está ligada a uma
dessas vertentes e eu troco fácil uma festa na sexta a noite pelo meu
computador, abastecido de novos episódios, seja lá do que for.
Mas por que um nerd não pode ouvir música de samba e tomar
cerveja? Nessas horas, quando saio com meus amigos, me dou a total liberdade de
beber (claro que no limite) e de cantar e dançar o que estiver tocando na hora
- o que, considerando a região, é quase sempre forró ou pagode. E acho que em
momento nenhum isso deveria ser um choque, só porque não está de acordo com o
"estereótipo" a que eu teoricamente me enquadro. Não quero ser mais
uma estática. Não quero estar rotulado e preso a algo pelo resto da minha vida.
Estereótipos existem para serem quebrados.
E então eu vou continuar usando minhas camisas de super
herói e filmes, lendo meus livros de fantasia, assistindo meus seriados e meus
filmes e também sentando com meus amigos pra tomar uma cerveja e dançar e
cantar o que estiver tocando, seja música eletrônica, forró, samba ou funk.
Porque a vida é muito imprevisível pra gente ficar se prendendo a regras
pré-estabelecidas.
Alexandre Borges
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