terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um e Um precisa ser dois?



Artigo de Opinião.


Segundo a definição usual, estereótipo é a visão preconcebida de uma coisa ou pessoa. Aquele pré-conceito que criamos a respeito de algo ou alguém devido as ideias que nos foram previamente passados ou ao que o tal “objeto” transmite. Se é negro, é bandido. Se é gay, é pervertido. Se é branco, é rico e chato. Se é nerd, é antissocial. E por aí vai. A lista cresce, sendo alimentada, dia após dia, graças as normas e ideia estabelecidas por uma sociedade que preza cada vez mais a padronização.

Pesquisas recentes apontaram que os jovens costumam mentir sobre sua vida sexual a fim de se encaixar no que é considerado “normal”. E é possível estender tais resultados a outras áreas também. Quem nunca pensou em ocultar uma informação ou distorcer a mesma apenas para ser “aceito” em uma roda de conversa? Ou para agradar outra pessoa, que às vezes nem lhe conhecida é. Clube da Luta, aclamado filme do diretor David Fincher, chama a atenção para isso ao construir um roteiro sobre a necessidade de consumo e de aceitação. “Nós compramos coisas que não precisamos com o dinheiro que não temos para agradar gente que não gostamos.”

A reflexão não é gratuita. 



Dia desses, conversando com uma amiga recente, de cerca de 1 ano, que ela ficou chocada porque me viu bebendo cerveja e cantando e dançando música de samba. O mais engraçado é que não foi a primeira vez que me falaram isso - e certamente não será a última. A explicação é sempre a mesma: É meio chocante ver alguém assumidamente dito nerd saber esse tipo de música e sentar num bar pra beber.

Então, eu sou nerd, sim. Nunca neguei isso. Metade do meu guarda roupa é de camisas de super herói, tenho uma estante cheia de livros e algumas revistas em quadrinhos, além de boxes de séries e filmes. Cresci jogando Pokémon, Super Mario e Resident Evil. A maioria dos meus papos no dia-a-dia está ligada a uma dessas vertentes e eu troco fácil uma festa na sexta a noite pelo meu computador, abastecido de novos episódios, seja lá do que for.

Mas por que um nerd não pode ouvir música de samba e tomar cerveja? Nessas horas, quando saio com meus amigos, me dou a total liberdade de beber (claro que no limite) e de cantar e dançar o que estiver tocando na hora - o que, considerando a região, é quase sempre forró ou pagode. E acho que em momento nenhum isso deveria ser um choque, só porque não está de acordo com o "estereótipo" a que eu teoricamente me enquadro. Não quero ser mais uma estática. Não quero estar rotulado e preso a algo pelo resto da minha vida.

Estereótipos existem para serem quebrados.

E então eu vou continuar usando minhas camisas de super herói e filmes, lendo meus livros de fantasia, assistindo meus seriados e meus filmes e também sentando com meus amigos pra tomar uma cerveja e dançar e cantar o que estiver tocando, seja música eletrônica, forró, samba ou funk. Porque a vida é muito imprevisível pra gente ficar se prendendo a regras pré-estabelecidas.

Alexandre Borges

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